s chuvas que atingem a Região Metropolitana do Recife (RMR) desde a madrugada desta quarta-feira (24) levaram à morte de 12 pessoas, segundo o Corpo de Bombeiros. O temporal também derrubou barreiras e árvores e causou diversos pontos de alagamento, que dificultaram a circulação dos ônibus. Em algumas cidades da RMR, aulas da rede municipal foram canceladas.
Quatro mortes registradas pelos Bombeiros ocorreram em Olinda, sendo duas no bairro de Águas Compridas e duas no Passarinho. Outras quatro mortes ocorreram em um deslizamento em Caetés, em Abreu e Lima. Três pessoas morreram na Zona Norte do Recife, nos bairros de Dois Unidos e Passarinho.
O deslizamento em Caetés também provocou a morte da jovem Maria Eduarda da Silva, de 21 anos. Ela estava grávida de 8 meses e os bombeiros localizaram o corpo às 23h31. Na mesma família, ficou ferida Ariana Tereza Xavier da Silva, de 39 anos. Ela está internada no Hospital Miguel Arraes, em Paulista, onde passou por cirurgia e segue internada na Unidade de Terapia Intensiva.
Ariana está em estado grave, sedada e está respirando com a ajuda de aparelho. Ela é parente das quatro pessoas da mesma família que morreram no deslizamento em Abreu e Lima.
Em Dois Unidos, no Recife, cinco vítimas foram soterradas após um deslizamento de barreira. Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), elas foram retiradas do local com escoriações.
No Córrego do Joaquim, em Nova Descoberta, no Recife, uma barreira deslizou e duas casas foram atingidas. Ao todo oito pessoas estavam nas duas residências atingidas. Sete ficaram feridas e foram socorridas para UPA de Nova Descoberta. Em seguida, foram encaminhadas ao Hospital da Restauração.
Em Jaboatão dos Guararapes, sete barreiras deslizaram. Segundo a prefeitura, ninguém ficou ferido, mas as famílias precisaram deixar suas casas. A Defesa Civil pode ser acionada, no município, pelos telefones 0800 281 20 99 ou (81) 9 9195 6655.
Houve 18 ocorrências envolvendo deslizamentos de barreiras, nos bairros de Vila Torres Galvão, Mirueira, Artur Lundegren II e Jardim Paulista. Não houve vítimas e 12 casas foram interditadas. A população pode acionar a Defesa Civil no telefone 153.
Acionado para socorrer feridos, o Samu também registrou deslizamentos de barreiras em Olinda, no Córrego do Abacaxi, Estrada do Passarinho e no Alto Nova Olinda; na Rua do Bosque, em Paulista, e em Caetés, em Abreu e Lima.
Até as 19h desta quarta (24), a Coordenadoria da Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe) contabilizou 1096 pessoas desalojadas em Abreu e Lima, Paulista, Igarassu, Jaboatão e no Recife. Em Olinda, a prefeitura informou que havia 110 pessoas fora de suas casas, até pouco antes das 17h. O total é de, ao menos, 1206 desalojados.
Dos desalojados em Olinda, 70 estão na escola municipal Pró-menor e 40 pessoas no estádio Grito da República, ambos abrigos no bairro de Rio Doce. Na capital, a prefeitura contabilizou, até as 16h40, 56 famílias desalojadas, com 224 pessoas fora de casa. Nenhuma foi para abrigos.
No Recife, a Defesa Civil do município informou às 11h desta quarta (24) que o acumulado de chuvas de mais de 241 mm nos últimos cinco dias equivale a 20 dias da média histórica do período, o que corresponde a 357 mm, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Em Paulista, choveu 140 mm, até as 19h30 desta quarta (24). Isso equivale ao esperado para 15 dias do mês de julho. A Defesa Civil do município atendeu a 174 chamadas, sendo 88 de aplicação de lonas, 67 para vistorias técnicas e 20 pedidos de orientações.
Em Igarassu, até as 18h, cerca de 300 pessoas estavam desalojadas. Alguma delas foram para a casa de parentes e outras, levadas para a Escola Nossa Senhora da Conceição, no bairro do Agamenon.
De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), as chuvas no Grande Recife e Zona da Mata devem diminuir de intensidade, mas persistem durante todo o dia. Na terça (23), a Agência havia renovado o alerta para chuvas moderadas a fortes nas duas regiões.
Devido aos alagamentos na BR-101, no bairro da Guabiraba, na Zona Norte do Recife, o enfermeiro André Cavalcanti pagou R$ 10 para atravessar a rodovia e conseguir chegar a Igarassu, também na Região Metropolitana.
Em Olinda, os moradores do Residencial Jardim Olinda, no bairro de Casa Caiada, contam que foram acordados por volta de 1h30 e orientados a retirar os carros da garagem para a água poder escoar. No mesmo bairro, moradores usaram um barco para se locomover.
Em Paulista, por causa das chuvas, moradores do Loteamento Nossa Senhora da Conceição tiveram que usar a criatividade para sair de casa. Um deles pegou um caiaque para passar pela Rua Alfa, no fim da tarde desta quarta-feira (24).